Depois de quatro anos no cargo, o procurador-geral da República, Augusto Aras, deixa a chefia do Ministério Público Federal nesta terça-feira. O PGR foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro pela primeira vez em 2019, sendo reconduzido em 2021 — nas duas ocasiões, o então chefe do Executivo escolheu um nome que não constava na lista tríplice organizada por integrantes do MPF e apresentada à Presidência. O período de Aras à frente do órgão foi marcado pela aproximação com Bolsonaro, a defesa da bandeira antilavajatista e falas polêmicas.
Veja oito pontos que marcaram a passagem de Aras pela PGR, segundo o jornal O Globo:
– Durante o período em que esteve à frente da PGR, Aras arquivou uma série de investigações contra Bolsonaro. Ao todo, ele engavetou mais de 70 pedidos de inquérito em casos que incluíam acusações de prevaricação, emprego irregular de verba pública, infração a medidas sanitárias e epidemia com resultado de morte, as duas últimas decorrentes da CPI da Covid.
– Nos primeiros dois anos à frente do cargo, Aras já deixou clara sua posição contrária às investigações da Operação Lava-Jato, conduzidas por braços do Ministério Público Federal nos estados.
– Pouco depois de ser reconduzido ao cargo, em 2021, Aras passou a ser cotado para indicação a uma vaga no STF, aberta pela aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello.
– Em 2021, parlamentares que então integravam a oposição entraram com pedido de investigação contra Aras na própria Procuradoria-Geral da República (PGR) por supostas omissões na fiscalização do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19.
– O procurador-geral da República ajuizou, em 2021, uma queixa-crime na Justiça Federal do Distrito Federal contra o professor de Direito da USP Conrado Hübner, que havia feito críticas à atuação de Aras à frente do órgão nas redes sociais, o chamando de “Poste Geral da República” e o acusando de “omissão” e “desfaçatez”.
– Em maio do ano passado, Aras bateu boca e partiu para cima de um procurador em reunião do Conselho Superior do Ministério Público Federal.
– Augusto Aras declarou o amor à democracia em discurso de abertura do ano judiciário no STF no começo deste ano.
– O PGR decidiu promover ao posto de número dois do MPF a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, que até então coordenava investigações criminais no órgão.