A oposição em Cajazeiras tem comemorado duas coisas nos últimos dias: o comando do PSB e o apoio do governador ao candidato do partido nas eleições do próximo ano. As comemorações são mais para efeito externo mesmo, como forma de manter a militância mobilizada. Na prática, até os líderes oposicionistas sabem que as coisas não são tão fáceis assim.
Vamos fazer pequenas digressões nesta manhã quente de terça-feira.
Comecemos pelo comando do PSB no município. Na prática, pouca coisa mudou, já que antes de Chico Mendes assumir o comando, o partido era dirigido por Marquinhos Campos, do mesmo grupo político. Marquinhos que era, inclusive, o candidato em potencial à prefeitura. Mas com o comando do PSB nas mãos de Chico Mendes, Júnior Araújo não vai poder manter a aliança com Zé Aldemir, afirmam alguns.
Bem, é necessário lembrar que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Para começar, todo o material de divulgação desta aliança selada semana passada na CDL, assim como as entrevistas e análises políticas, foram feitas em cima dos nomes de Zé Aldemir, Doutora Paula e Júnior Araújo. Quase não se ouviu falar nos nomes de partidos. Ou seja: a aliança deve ser mantida com ou sem PSB e partidos para isso não faltam na Paraíba. Outra coisa: há muito tempo que a grande maioria do eleitorado brasileiro não vota em partidos, mas em nomes. Não fosse assim, Haddad teria derrotado Bolsonaro, coisa que só veio a acontecer com Lula, que é hoje um nome acima de qualquer partido, inclusive do próprio PT.
Falar em Lula, ele cabe também na segunda digressão. Lula nunca deixou de apoiar candidato ao governo da Paraíba, mas nem sempre veio ao estado fazer campanha. Em algumas campanhas, a Paraíba tinha dois candidatos ao governo que apoiavam Lula. O que o presidente do Brasil fazia nessas horas? Gravava mensagens para o guia eleitoral de um dos candidatos, dizia publicamente que apoiava xis, mas não arriscava vir ao estado e perder apoio do outro lado. E quando apoiava em comícios no estado, nem sempre era garantia de vitória, vide o caso de Roberto Paulino que perdeu no segundo turno em 2002 para Cássio Cunha Lima, mesmo Lula vindo ao estado participar da campanha. Lembro de Lula na residência de Paulino em 2002, no bairro de Água Fria (eu era assessor do ex-governador paraibano na época), a militância empolgada nas ruas e no fim o eleito foi Cássio Cunha Lima.
Lógico que o apoio do governador João Azevêdo é importante, principalmente em função da boa gestão que ele vem fazendo para Cajazeiras e outras cidades da região do Alto Piranhas. Mas em eleições municipais, o grau de exigência é diferente de uma eleição para o governo do estado ou para a presidência da República. E assim como os desportistas costumam dizer que há coisas que só acontecem com o Botafogo (como o caso de o time ter liderado o Brasileirão desde a terceira rodada e agora perder a liderança na reta final do campeonato), podemos parafrasear e dizer que há coisas que só acontecem nas eleições municipais.